Charles Möeller e Claudio Botelho assinam a direção do musical, visto por 85 mil pessoas no Rio
O título da desta produção musical de Charles Möeller e Claudio Botelho,
‘Um Violinista no Telhado’,
é também a expressão que melhor define a vida de seu protagonista. Pai
de cinco filhas, o rústico Tevye é o leiteiro de um vilarejo judeu
encravado na Rússia Czarista. Sempre em conflito para sobreviver e
honrar as tradições religiosas, ele enfrenta problemas tanto dentro – as
filhas se rebelam contra os casamentos arranjados – quanto fora de
casa, em uma época que ataques russos (os chamados pogroms) expulsariam
milhões de judeus da região. Baseado nos tradicionais contos judaicos de
Sholom Aleichem,
‘Um Violinista no Telhado’ estreou na
Broadway em 1964, com música de Jerry Bock e Sheldon Harnick e uma
celebrada coreografia de Jerome Robbins. Tornou-se imediatamente um
clássico, sendo o primeiro musical da história do teatro americano a
ficar em cartaz por mais de sete anos. Quase meio século depois, o
musical ganhou nova versão brasileira, em cartaz a partir de 8 de março,
no Teatro Alfa, depois de uma bem-sucedida temporada carioca.
Fruto de uma parceria entre a Aventura Entretenimento e a Conteúdo
Teatral, a superprodução reúne elenco de 43 atores liderado por José
Mayer, que fez sua estreia no teatro musical. Embalados pelo recente
sucesso de
‘Hair’ e
‘Gypsy’ em 2010, Möeller, Botelho e
a Aventura foram convidados pela produtora paulista Conteúdo Teatral
para apostar neste clássico do teatro musical americano. O projeto já é
avaliado como a maior produção realizada pelo grupo. Além do numeroso
elenco, o espetáculo reúne 17 músicos regidos pelo maestro Marcelo
Castro, cerca de 160 figurinos assinados por Marcelo Pies – que acaba de
ganhar o Prêmio Shell por
‘Hair’ –, nove trocas de cenário, a
cargo de Rogério Falcão, e a recriação coreográfica original de Jerome
Robbins, feita por Janice Botelho. A grandiosidade é apenas um dos
desafios encontrados ao se montar este que é considerado o ‘Rei Lear’
dos musicais.
Além da complexidade de produção, a célebre peça de Shakespeare também encontra paralelos no enredo de
‘Um Violinista no Telhado’.
Assim como Lear, Tevye (José Mayer) entra em conflito com três filhas,
Tzeitel (Rachel Rennhack), Hodel (Malu Rodrigues/Karina Mathias) e Chava
(Julia Fajardo), que desafiam a tradição judaica, ao rejeitar os
casamentos arranjados e adotar comportamentos que desviam do
estabelecido. Ao lado da esposa Golda, vivida por Soraya Ravenle, ele
tenta dar conta dos conflitos familiares enquanto enfrenta a hostilidade
de grupos russos orientados pelas diretrizes anti-semitas do Czar.
O Grupo Bradesco Seguros é o principal patrocinador do espetáculo
‘Um Violinista no Telhado’.
A iniciativa faz parte do Circuito Cultural Bradesco Seguros, que
apresenta todos os anos um calendário diversificado de eventos
artísticos com peças de grande sucesso, musicais, concertos de música e
exposições. O espetáculo conta também com importante patrocínio da CSN
(Cia Siderúrgica Nacional), que vem atuando firmemente como
incentivadora de projetos culturais, esportivos e educacionais.
O desafio de Mayer
Sem nunca perder a leveza – como um violinista –, Tevye lida à sua
maneira com estes conflitos. Entre bem-humoradas conversas com Deus e
com a esposa, ele busca conciliar as tradições ancestrais com a
realidade de suas filhas e do local onde vive. Prova de fogo para
qualquer ator, o personagem exige um intérprete carismático, que
equilibre técnica vocal e comunicação com a plateia. Charles Möeller e
Claudio Botelho logo pensaram em José Mayer para o desafio. O ator, por
sua vez, já acalentava o sonho de fazer um musical há pelo menos três
anos, quando começou a freqüentar aulas de canto com regularidade.
Em seu último trabalho nos palcos,
‘Um Boêmio no Céu’ (2007), Mayer já entoava algumas canções de Catulo da Paixão Cearense. Agora ele encanta a platéia com números famosos, como
‘If I Were a Rich Man’ (‘Se
eu fosse Rico’), que fizeram a fama de vários intérpretes mundo afora.
Como o Tevye original na Broadway, o grande comediante Zero Mostel
recebeu o Tony de Melhor Ator de Musical. Em recente remontagem,
novamente na Broadway, o musical teve Alfred Molina como Tevye, o que
rendeu ao ator uma indicação ao prêmio Tony de Melhor Ator em 2004.
Claudio Botelho, autor da versão brasileira e supervisor musical desta
montagem, confirma que ‘o papel de Tevye exige uma das maiores entregas
vocais de personagens masculinos entre os musicais da Broadway. As
canções dele se alternam entre temas judaicos suaves e bem-humorados
(‘If I Were a Rich Man’), passando por fortes e dramáticos solilóquios e
chegando ao extremo lirismo num emocionante dueto com a esposa Golda
(‘Do you Love me?’). Se há mesmo um Rei Lear entre os papeis masculinos
dentro do teatro musical, este é Tevye’.
Ao lado de Mayer, a veteraníssima de musicais Soraya Ravenle também se preparou para uma estreia:
‘Um Violinista no Telhado’ é seu primeiro musical internacional. Estrela de sucessos brasileiros como
‘Ópera do Malandro’ (2003),
‘Sassaricando’ (2007),
‘Dolores’ (1999) e
‘South American Way’ (2001),
ela realiza seu primeiro trabalho interpretando versões em português
para os grandes momentos cantados de seu personagem,
‘Do you Love Me?’ e
‘Sunrise, Sunset’.
Paz, amor e tradição
Mayer e Ravenle, ou melhor, Tevye e Golda, vivem em Anatevka, uma
fictícia aldeia judaica no interior da Rússia no início do século
passado. Em seu entorno, habitam moradores típicos, como o rabino
(Silvio Boraks), a casamenteira (Ada Chaseliov), o açougueiro (Sylvio
Zilber), o mendigo (Léo Wainer) e o forasteiro (Nicola Lama), que chega
para modificar alguns costumes seculares destes personagens. Entre rezas
e festas tradicionais, celebrações de shabat e de casamentos, a trama
de
‘Um Violinista no Telhado’ se desenrola e serve de vitrine
para os costumes judaicos. ‘É muito interessante abordar o universo dos
judeus bem antes do nazismo, quando já era um povo expatriado. O que os
mantém juntos é a tradição. Eles poderiam ter desaparecido, mas não
aconteceu por causa, fundamentalmente, de um amor maior à família, à
tradição e aos rituais. É muito bonito falar disso depois de um
espetáculo que é um ritual, como o
‘Hair’’, analisa Charles
Möeller. Assim como em todos os últimos espetáculos de Möeller e
Botelho, o elenco foi escolhido por testes, em concorridas audições cuja
variedade de papeis – e inscritos – chamava a atenção. ‘É com certeza o
nosso maior e mais variado elenco. Ele vai, literalmente dos 8 aos 80
anos’, conta Möeller.
Dando vida a Anatevka
A aparente harmonia em que vive todo o povo de Anatevka oculta um
cenário externo nada amistoso. Era a época dos conhecidos Pogroms,
ataques em massa com clara finalidade de expulsão de judeus do
território russo. ‘Não procurei tratar os russos como vilões, nem como
mocinhos, não queria idealizar nada. O fato é que existia uma polícia
secreta russa, que insuflava os ataques. O pogrom era incitado pela
polícia, mas não era feito por ela. O povo judeu era uma espécie de bode
expiatório para a população miserável não olhar para a riqueza do
Czar’, analisa Möeller. Anatevka funciona como um arquétipo de todas as
pequenas aldeias judaicas da Europa Central no início do século passado.
Para representá-la, o cenógrafo Rogério Falcão
(‘A Noviça Rebelde’, ‘O Despertar da Primavera’, ‘Hair’)
criou uma estrutura básica, em tom de madeira, com as casas da aldeia
nas laterais, que saem de cena quando a ação se transfere para o
interior. ‘Como o elenco é muito numeroso, tivemos a preocupação em
deixar um bom espaço livre para a circulação dos atores e para as
coreografias’, conta Rogério. Assim como ele, o figurinista Marcelo Pies
precisou aumentar sua equipe para confeccionar os 160 figurinos de
época, ricos em detalhes e com um elaborado trabalho de envelhecimento.
UM VIOLINISTA NO TELHADO
UM ESPETÁCULO DE Charles Möeller & Claudio Botelho
Baseado em histórias de Sholem Aleichem, sob permissão especial de Arnold Perl
TEXTO Joseph Stein
LETRAS Sheldon Harnick
MÚSICA Jerry Bock
VERSÃO BRASILEIRA Claudio Botelho
DIREÇÃO Charles Möeller
ELENCO
José Mayer – Tevye
Soraya Ravenle – Golda
Rachel Rennhack – Tzeitel
Malu Rodrigues / Karina Mathias – Hodel
Julia Fajardo – Chava
Ada Chaseliov – Yente
Sylvio Zilber – Lazar Wolf
Alessandra Verney – Fruma Sarah
Nicola Lama – Perchik
André Loddi – Motel
Germano Pereira – Fyedka
Germana Guilherme – Shandel
Com: Ari Cegatto, Arthur Borges, Augusto Arcanjo, Beatriz Lucci,
Carlos Sanmartin, Diego Biagini, Elcio Bonazzi, Fabio Porto, Guilherme
Lazary, Ivana Domenico, Jitman Vibranovski, Luiz Carlos de Moraes, Maria
Netto, Paulo de Mello, Patau, Pier Marchi, Ricca Barros, Ricardo
Vieira, Thuany Scheidegger, Tony Germano e Yashar Zambuzzi. E as
crianças Carolina Cristal, Enzo Dimitri, Felipe Thalenberg, Juliane
Oliveira, Lais Dias, Matheus Braga, Thainara Bergamin.
DIREÇÃO MUSICAL: Marcelo Castro
COREOGRAFIA ORIGINAL: Jerome Robbins
RECRIAÇÃO COREOGRÁFICA: Janice Botelho
CENÁRIO: Rogério Falcão
FIGURINOS: Marcelo Pies
ILUMINAÇÃO: Paulo Cesar Medeiros
DESIGN DE SOM: Marcelo Claret
VISAGISMO: Beto Carramanhos
COORDENAÇÃO ARTÍSTICA: Tina Salles
CASTING: Marcela Altberg
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Aniela Jordan e Luiz Calainho
Venda de ingressos!
Estreia: 8 de março!
Horários:
Quintas, 21h
Sextas, 21h30
Sábados, 21h
Domingos, 17h
Ingressos:
Quintas e sextas-feiras:
SETOR VIP: R$ 140,00
PLATEIA: R$ 120,00
BALCÃO I: R$ 70,00
BALCÃO II: R$ 40,00
Sábados e domingos:
SETOR VIP: R$ 200,00
PLATEIA: R$ 180,00
BALCÂO I: R$ 110,00
BALCÃO II: R$ 60,00
DURAÇÃO: 2h35 com intervalo
CENSURA: 5 anos