terça-feira, 6 de março de 2012

José Mayer: "O Olhar 43 já não existe mais"

José Mayer se reuniu com a imprensa na tarde desta sexta-feira (2), em São Paulo, para divulgar o musical "Um Violinista no Telhado". Depois de uma temporada em cartaz no Rio de Janeiro, o espetáculo estreia em São Paulo no dia 16 de março. Para a temporada paulistana, a grande novidade é que Mayer contracenará coma sua filha, Julia Fajardo, fruto de seu casamento com a também atriz Vera Fajardo. "É a primeira vez que a gente contracena. Ela é uma jovem atriz e é uma honra poder trabalhar com ela. Ensaiei com a Julia algumas vezes, quero ver como será com o público de verdade, pois com plateia ficamos mais permeáveis. Procuro encará-la como uma colega", disse o ator. Julia também falou sobre estar ao lado do pai nos palcos. "Estou felicíssima, nunca tinha trabalhado com ele e queremos trabalhar eu, meu pai e minha mãe, os três juntos. Ela entrou substituindo uma outra atriz. No começo foi difícil não misturar as estações", recorda.
Galã Mayer também falou sobre ser considerado galã. "O olhar 43 já não existe mais. A fama é residual, são tantas escalações para essa função [de galã] que carrego essa fama comigo. Fui galã até pouco tempo, e a função de galã é ingratíssima. As bichas falam: 'Tô bege', mas bege mesmo é o galã (risos). Não vou cuspir no prato que comi durante tantos anos. Digo que os galãs são beges porque eles são planos e lineares", analisa. Questionado sobre como se manteve no posto tanto tempo ao lado de nomes como Tony Ramos e Antônio Fagundes, respondeu. "Carisma vem da capacidade de atrair olhares, vem da formação. Eu não sei qual a formação desses jovens atores, qual o objetivo deles na profissão. Carisma é formação e talvez falte fundamento e formação a alguns dos jovens atores". Espetáculo "Entrei em pânico quando aceitei o papel. Pedi para colocar um isopor no estúdio que tenho em casa para ficar ensaiando. Trabalho não tem segredo, é empenho e preparação. Quem canta não é a vaidade, é o personagem. Sempre fui ator de texto, especialmente trágicos ou românticos. Essa peça é um moedor de corações. Estou muito feliz de, aos 63 anos, estar em um musical".
"Fina Estampa" "Foi ótimo fazer o Pereirinha. Ele é inconsequente e irreverente, mas não é um bandido. Quebrar a imagem do galã é sempre vom, abre o leque". Vida pessoal "Minha vida pessoal é monotemática e feliz. E como é feliz. Estou com a Vera há 41 anos e 37 casados. Nossa vida [dos atores] é tão mutante, flutuante, passamos por tantas mutações que procurei um porto seguro para onde eu posso voltar sempre. Sou mineiro, gosto de ter esse porto. A Júlia também faz parte do bom porto para onde eu sempre volto".
O musical Produzido por Charles Möeller e Claudio Botelho, "Um Violinista no Telhado" marca a estreia de Mayer em musicais. Baseado nos tradicionais contos judaicos de Sholom Aleichem, o título estreou na Broadway em 1964 e chegou a ficar em cartaz por sete anos. Mayer já tinha o desejo de participar de um musical há, pelo menos, quatro anos, quando começou a frequentar aulas de canto para atuar em "Um Boêmio no Céu" (2007), em que já entoava algumas canções de Catulo da Paixão Cearense. "O Zé tem uma capacidade absoluta para o musical, tem uma voz incrível. Ter o Zé no elenco é um gol. Foram três anos de 'namoro' para tê-lo em um elenco nosso", afirmou Charles Moeller, que assina a direção da peça.
O ator, por sua vez, diz que aprende com o gênero. "Estou aprendendo musical. Aqui há muito capricho, esmero e eu sempre persegui isso na minha carreira. Essa peça é um acerto." O espetáculo reúne um elenco de 43 atores e 17 músicos regidos pelo maestro Marcelo Castro. A superprodução conta ainda com 160 figurinos assinados por Marcelo Pies. Soraya Ravenle que tem um papel de destaque no espetáculo falou sobre a saída da filha, Julia, para a entrada de Julia Fajardo, filha de Mayer. "Brinco dizendo que foi uma troca de seis por meia dúzia. As duas são cultas, inteligentes. No espaço profissional existe cumplicidade, embora eu tenha procurado manter um distanciamento. Em alguns momentos, na temporada carioca, eu era tomada pela emoção no meio de uma cena e pensava: 'é o meu bebê'", disse, arrancando risos dos presentes.

Fonte: Quem

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